terça-feira, 21 de agosto de 2012

Os Indiana Jones do Alentejo




Eu tenho coisas a dizer, como já é hábito, e desta vez tenho coisas a dizer sobre um tipo muito especial de pessoas, que há falta de uma palavra que os possa de descrever, pelo menos que me ocorra neste momento, vou chama-los apenas de: aqueles indivíduos que andam com uma espécie de maquineta que apita quando passa por cima de um metal no meio dos campos do Alentejo à procura de tesouros. Vamos lá ver explanar a minha perspetiva e meter desde já os patos em fila: uma coisa é arqueologia, que através de estudos e mapeamentos realiza buscas em determinados locais onde se acha possam estar vestígios históricos ou de outra natureza de valor. Outra coisa é andar com um cortador de relva no meio de um campo de centeio na Vidigueira um dia inteiro na esperança de encontrar uma moeda que D. Afonso III possa eventualmente ter deixado cair do bolso enquanto andava a varrer mouros até Marrocos. Para já isto parece-me complicado, depois de passar nas portagens da ponte 25 de Abril e de possivelmente ter parado para tomar uma bica em Paio Pires, duvido muito que D. Afonso III ainda levasse moedas no bolso quando passou a Grândola. E pior do que isso, encontrar um objeto com 23 mm de diâmetro num campo com 37 hectares não é tão fácil como possa parecer à primeira vista. Ainda assim é de louvar a perseverança destes senhores, que pelos visto não gostam de caça nem de pesca… é uma espécie de forma de passar o fim-de-semana com os amigos, longe da esposa, para gente vegetariana. Ora parece-me por isso claro que deveríamos arranjar uma utilidade suplementar para estas pessoas que devem ter alguns dias bastante entediantes. Por isso o que eu proponho é o seguinte: Em vez daquela maquina manhosa e sem conveniência alguma podiam meter um chip que apita quando passa por cima de uma gillete mach 3 usada numa daquelas coisas que corta tudo por onde passa e assim ao mesmo tempo que procuravam moedas iam fazendo a colheita. Os agricultores agradeciam e eu também, porque eu gosto de pão.
Para rematar quero apenas dizer que esta teoria sobre estes bravos Indiana Jones não tem qualquer intento injurioso, antes pelo contrário. Até porque eu sei que um dia um deles chegará ao pé de mim e me dirá: “Olha esta moeda que pertencia a D. Sancho I que eu encontrei debaixo de um sobreiro em Reguengos de Monsaraz! Vale 7 500 euros no custo justo!”. E eu aí meto o rabinho entre as pernas, pego no meu cortador de relva, e vou escavacar aquele relvado todo nas margens do Tua em Mirandela. Ouvi dizer que o D. Diniz era maluco por jet-ski…

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