terça-feira, 28 de agosto de 2012

Quem quer ser Vera Pereira?




Como normalmente os escritores põem uma nota, numa espécie de dedicatória a alguém, no início dos seus livros, eu sinto-me na obrigação de fazer o mesmo e dedicar tudo o que aqui será escrito aos senhores ministros do Trabalho e da Solidariedade Social, o senhor Pedro Mota Soares, e da Economia e do Emprego o senhor Álvaro Santos Pereira ou como gostem que o tratem: ao Tio Álvaro.
Dito isto, vamos começar por uma questão: Quem caralho é a Vera Pereira? Presumo que toda a gente saiba porque esta senhora deve ser tremendamente importante. Tremendamente habilitada será com certeza. Mas para quem não sabe, digamos que é aquela cujo seu nome apareceu num documento do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP), correspondente a uma proposta de trabalho, que depois dos dados, das condições necessárias para preencher a função, na área “outros conhecimentos”, aparecia uma normativa bem clara: só contratar Vera Pereira. Isto para começar facilita de forma extraordinária o trabalho aos funcionários do IEFP, que já têm as coisas alinhavadas para não terem que puxar muito pela cabeça, porque atenderem 600 novos desempregados por dia ainda cansa. E depois demonstra que os portugueses gostam de falar do que não saibam e põem-se logo para aí a mandar bocas no facebook e no orkut (os portugueses que falam com sotaque gostam do orkut), falando que é uma vergonha e mais não sei o quê e piadas do género: “Ai tal ela deve ser é a Vera Pereira da Cunha Valente!”. Não é meus amigos. Para começar não é uma vergonha. Porque não existe “uma pessoa” chamada Vera Pereira. Segundo consegui apurar junto do gabinete do Ministro da Educação Nuno Crato, Vera Pereira é o nome de uma pós-graduação que agora existe em Portugal. Já existiam licenciaturas, mestrados, doutoramento e agora pode-se tirar também esta nova formação que pelos vistos está a cima disto tudo. Portanto a partir de agora quando alguém começar com aquela conversa: (1)“Ai tal eu sou licenciado pela Universidade de Coimbra”. (2) “Ai é, e eu tirei um mestrado na Nova em Lisboa”. (3) “Grande avaria, eu sou doutorado pela Universidade do Porto!”. (Ao que vocês respondem) “Então deixem passar que eu sou Vera Pereirado pela Universidade do Minho!”. E eles abrem logo alas… o respeitinho é muito bonito para com os Vera Pereirados. Esta merda toda para dizer que não houve taxos nem pedidos obscuros, o que aquilo quer dizer, é que só gente que possuísse um “Vera Pereira” poderia concorrer ao lugar vago naquele jardim-de-infância (verdade agora nos jardins de infância ninguém trabalha sem um Vera Pereira, as exigências já começam a ser muito altas). Sendo assim deixem-se de ser picuinhas e comecem é a estudar, que é o que eu já estou a fazer para os exames de candidatura ao “Carlos Simões” que quero começar a tirar no mês que vem…

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