Como normalmente os escritores põem
uma nota, numa espécie de dedicatória a alguém, no início dos seus livros, eu
sinto-me na obrigação de fazer o mesmo e dedicar tudo o que aqui será escrito aos
senhores ministros do Trabalho e da Solidariedade Social, o senhor Pedro Mota
Soares, e da Economia e do Emprego o senhor Álvaro Santos Pereira ou como
gostem que o tratem: ao Tio Álvaro.
Dito isto, vamos começar por uma
questão: Quem caralho é a Vera Pereira? Presumo que toda a gente saiba porque
esta senhora deve ser tremendamente importante. Tremendamente habilitada será com
certeza. Mas para quem não sabe, digamos que é aquela cujo seu nome apareceu
num documento do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP),
correspondente a uma proposta de trabalho, que depois dos dados, das condições
necessárias para preencher a função, na área “outros conhecimentos”, aparecia
uma normativa bem clara: só contratar Vera Pereira. Isto para começar facilita
de forma extraordinária o trabalho aos funcionários do IEFP, que já têm as
coisas alinhavadas para não terem que puxar muito pela cabeça, porque atenderem
600 novos desempregados por dia ainda cansa. E depois demonstra que os
portugueses gostam de falar do que não saibam e põem-se logo para aí a mandar
bocas no facebook e no orkut (os portugueses que falam com sotaque gostam do
orkut), falando que é uma vergonha e mais não sei o quê e piadas do género: “Ai
tal ela deve ser é a Vera Pereira da Cunha Valente!”. Não é meus amigos. Para
começar não é uma vergonha. Porque não existe “uma pessoa” chamada Vera
Pereira. Segundo consegui apurar junto do gabinete do Ministro da Educação Nuno
Crato, Vera Pereira é o nome de uma pós-graduação que agora existe em Portugal.
Já existiam licenciaturas, mestrados, doutoramento e agora pode-se tirar também
esta nova formação que pelos vistos está a cima disto tudo. Portanto a partir
de agora quando alguém começar com aquela conversa: (1)“Ai tal eu sou
licenciado pela Universidade de Coimbra”. (2) “Ai é, e eu tirei um mestrado na
Nova em Lisboa”. (3) “Grande avaria, eu sou doutorado pela Universidade do
Porto!”. (Ao que vocês respondem) “Então deixem passar que eu sou Vera
Pereirado pela Universidade do Minho!”. E eles abrem logo alas… o respeitinho é
muito bonito para com os Vera Pereirados. Esta merda toda para dizer que não
houve taxos nem pedidos obscuros, o que aquilo quer dizer, é que só gente que possuísse
um “Vera Pereira” poderia concorrer ao lugar vago naquele jardim-de-infância
(verdade agora nos jardins de infância ninguém trabalha sem um Vera Pereira, as
exigências já começam a ser muito altas). Sendo assim deixem-se de ser
picuinhas e comecem é a estudar, que é o que eu já estou a fazer para os exames
de candidatura ao “Carlos Simões” que quero começar a tirar no mês que vem…
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